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Coletânea de 14 artigos publicados na revista Ciência Hoje em 2009 por ocasião do Ano Internacional da Astronomia. Escritos por pesquisadores brasileiros que se dedicam à astronomia

Disponível para vendas em breve.
Astronomia Hoje

Comprar um telescópio
É natural que, ao entrar em contacto com as maravilhas que pode observar no céu noturno, sentir o desejo de adquirir um instrumento óptico que permita ver a superfície da Lua com seus montes e crateras; ver com mais pormenores os planetas do Sistema Solar; observar o céu profundo, tal como nebulosas e galáxias, entre outros objetos celestes.
Antes de comprar um telescópio astronómico, é necessário certificar se tem o conhecimento básico necessário para poder tirar o melhor partido dele. Não basta possuir esse instrumento óptico e apontar para um qualquer ponto no céu. É fundamental saber para onde apontar! Caso contrário pode ficar decepcionado e colocar o telescópio de lado ficando com a sensação que foi dinheiro desperdiçado.
Antes de adquirir um telescópio é fundamental ter alguns conhecimentos sobre o céu noturno, nomeadamente reconhecer as principais constelações e saber identificar no céu as estrelas mais brilhantes. Se ainda não está familiarizado com isso então precisa de ter um mapa celeste que pode encontrar em livros e revistas de astronomia, ou até mesmo online. Um software que poderá ajudar nesse sentido é o Stellarium.
Munido de um bom mapa celeste deverá de procurar identificar as principais constelações e suas estrelas. A observação à vista desarmada é de fundamental importância! Deverá de dedicar algum tempo até ficar familiarizado com o céu noturno.
Depois disso, seria bastante importante observar o céu noturno com uns binóculos antes de passar ao telescópio. Com uns binóculos poderá conhecer melhor o céu, observar corpos celestes que não são visíveis a olho nú, e permite ganhar alguma experiência de observação ao utilizar um instrumento óptico mais fácil de manusear e que permite observar o céu com um campo de visão maior que através de um telescópio. Uns binóculos 10X50 são suficientes para tal. Mas o que significa “10X50”? O primeiro número “10” diz-nos que com estes binóculos veremos os objetos 10 vezes maiores que à vista desarmada, ou seja, refere-se à ampliação dos binóculos; o segundo número “50” informa-nos sobre o tamanho das objetivas dos binóculos em milímetros. A ter em conta que quanto maiores forem as objetivas, maior a capacidade de captação de luz e consequentemente maior a luminosidade das imagens; por outro lado quanto maior for a ampliação menor será a nitidez das imagens. Se pretender comprar binóculos, os 10X50 ou mesmo 7X50 são suficientes. Existem binóculos com objetivas e ampliações maiores, mas normalmente são instrumentos ópticos relativamente caros.
Apesar dos binóculos possuírem limitações se comparados com os telescópios, os binóculos continuarão a ser importantes, mesmo depois de ter adquirido o telescópio.
Depois de ter observado o céu com uns binóculos durante tempo suficiente para conhecer melhor o céu e estar familiarizado com as potencialidades deste instrumento óptico, poderá então pensar em comprar um telescópio.
Depois de ter chegado a esta fase vamos então nos debruçar mais no assunto de qual telescópio escolher. Vamos desde já começar por ver que tipos de telescópios existem:
– telescópios refratores, também conhecidos por lunetas, são constituídos por um tubo longo que possui uma lente objetiva numa extremidade, lente essa que vai receber a luz do exterior. A luz é então refratada ou encurvada, de modo a formar uma imagem perto da outra extremidade do tubo. A imagem pode ser observada numa lente chamada ocular, que portanto fica na extremidade oposta à da lente objetiva. A ocular é uma lente que pode ser trocada por outra, a fim de alterar a ampliação.
– telescópios refletores, são telescópio que possuem um espelho primário como objetiva que se situa no fundo do tubo. Esse espelho é ligeiramente encurvado. Este tipo de telescópio fica aberto na extremidade oposta à do espelho, e é por onde entra a luz. Então o espelho primário reflete a luz para um outro espelho bem mais pequeno (espelho secundário), refletindo a luz para a ocular onde é possível ver a imagem.
– telescópios catadióptricos são telescópios que de alguma forma são uma mistura de telescópios refratores com refletores. São constituídos por uma lente que se situa numa extremidade do tubo, onde entra a luz, incidindo posteriormente no espelho que se situa no fundo do tubo (na outra extremidade). A luz é então refletida para um espelho secundário que direciona a luz para a ocular.
Depois desta apresentação muito resumida à cerca dos tipos de telescópios que existem é fundamental termos em conta que um dos aspectos principais num telescópio é a sua abertura, ou seja, o tamanho da objetiva, pois aí reside o poder de captação de luz. Esse poder de captação da luz é proporcional ao quadrado da sua abertura. Para entendermos melhor esse conceito vamos dar um exemplo: o olho humano tem uma “lente” com cerca de 5 mm. Uma luneta com uma lente objetiva de 60 mm tem uma abertura 12 vezes maior que a do olho humano. Ora, 12 ao quadrado são 144. Assim, um objecto celeste visto através de uma luneta (telescópio refrator) de 60 mm aparece 144 vezes mais brilhante que à vista desarmada.
Relativamente à ampliação, esta pode ser alterada mudando a ocular. A ocular é a lente através da qual nós vemos a imagem ampliada. Quando nós apontamos o telescópio para qualquer corpo celeste, a luz inicialmente incide na objetiva e depois a imagem do corpo celeste pode ser vista através da ocular.